A missão está clara?

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A missão está clara?


Se alguém não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve; até mesmo o caminho que leva ao precipício. De onde se conclui que é importante ter um senso de propósito naquilo que fazemos. Se isso já é algo desafiador no nível individual, muito mais no nível coletivo: alinhar as pessoas de uma organização em torno de uma missão clara e inspiradora é tarefa crucial, pois faz toda a diferença entre uma empresa que apenas flutua ao sabor das ondas e outra que navega direto ao seu porto de destino. Entretanto, por incrível que pareça, 99% das declarações de missão que tenho visto deixam muito a desejar com relação àquela finalidade. Por que será?

Primeiro, porque muitos redigem e publicam “missão, visão e valores” mais pressionados por uma questão de modismo empresarial do que impulsionados pelo forte desejo de que todos na organização atuem de maneira coerente diante dos clientes e demais partes interessadas. Segundo, porque ao definir aqueles elementos fundamentais da ideologia empresarial, não há um entendimento claro e distinto a respeito dos mesmos, o que dá origem a mistura, redundância e confusão no texto. Terceiro, por não terem claro que aquelas definições são feitas para os colaboradores internos, e não para o público externo, com frequência a redação é rebuscada e prolixa. Quarto, porque normalmente confunde-se a missão propriamente dita com as consequências de cumprí-la (por exemplo: “ser líder em…” ou “criar valor para …” com frequência aparece no texto de missões, mas na verdade a liderança ou o valor criado é apenas o resultado de fazer algo específico: a missão da empresa). E quinto, porque quase nunca é feita distinção entre a essência ou aspecto central da missão e as condições necessárias que suportam o cumprimento da mesma: tudo fica misturado numa frase longa e complexa.

Do casamento de tais equívocos nascem as típicas declarações songamongas que grassam por aí: rebuscadas, confusas, insípidas, difíceis de memorizar e, portanto, “intrabalháveis”. Logo, fica fatalmente comprometido o crucial passo seguinte, que seria inculcar valores, missão e visão nos corações e mentes dos colaboradores. O pífio resultado final são quadros desenhados com primor visual e cuidadosamente colocados nas paredes, mas que mal servem para impressionar os visitantes e muito menos para energizar o pessoal.

Para ajudar a melhorar a definição de missão, além dos pontos mencionados acima, ofereço as seguintes dicas:

  • Deve ser uma única frase, concisa e clara.
  • Deve expressar de maneira autêntica a natureza essencial ou razão de ser primordial da organização (e algo mais nobre e inspirador que simplesmente gerar dinheiro).
  • Não deve conter gerúndios, nem complementos como “através de…” ou similares. Estes normalmente refletem as condições necessárias ou fatores críticos de sucesso, e devem ser listados à parte do texto que define a missão.
  • Deve expressar algo que a empresa já realiza ou pode realizar no curto prazo, e não um objetivo ou meta a ser conquistada no futuro (o que deveria ser colocado na frase que define a visão de longo prazo).

CapturaPortugues

Finalizo com algumas boas definições de missão:

“Organizar as informações do mundo e torná-las mundialmente acessíveis e úteis.” (Google)

“Entregar incansavelmente avanços e plataformas tecnológicas que se tornam essenciais para a maneira como trabalhamos e vivemos.” (Intel)

“Fornecer produtos e serviços médicos excepcionais, que restauram a vida ativa.” (Stryker)

 

Para ilustrar os pontos acima, considere os seguintes exemplos de missão, colhidos ao acaso numa rápida busca na Internet:

 

Captura de pantalla 2015-07-27 a las 18.03.10E você? O que pensa sobre este tema?

Qualquer comentário será muito bem-vindo.

Até a próxima edição!

Eduardo C. Moura
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