A ilusória sensação de dinamismo e a falsa sabedoria

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A ilusória sensação de dinamismo e a falsa sabedoria


É muito difícil conseguir a presença de altos executivos em reuniões de análise e planejamento que se demorem por mais de algumas horas; muito mais difícil ainda se for mais de um dia. O padrão vigente é o seguinte: reúnem-se executivos e seus subalternos, os quais rapidamente apresentam os dados sobre uma dada situação. Usando o TIRO (a Técnica Intuitiva para Remover Obstáculos) os executivos (que são muito rápidos no gatilho) decidem quase que instantaneamente o que deve ser feito. Os subalternos saem da reunião impressionados com a perspicácia e agilidade mental de seus chefes, e estes deixam a reunião com uma dose adicional de exaltação ao ego. Mas depois, em algum lugar distante no tempo e no espaço, as consequências daquele TIRO aparecem na forma de problemas urgentes. A equipe volta a reunir-se para discutir a situação, e o ciclo se repete, com um agravante: toda essa agitação, pressão e respostas imediatas reforçam na equipe uma ilusória sensação de dinamismo, agilidade e “controle” da situação. Pior ainda quando essa ingênua ineficiência acaba “dando certo”, isto é, quando no frigir dos ovos o resultado final é bom, depois de muito sangue, suor e lágrimas. Jim Collins está certo: o bom é inimigo do excelente. Porque aquele pessoal acaba se acomodando com o status quo, achando que o negócio é esse mesmo, e é justamente assim que se perde a oportunidade de melhorar continuamente e conquistar resultados excelentes e sustentáveis.

Em diversas ocasiões tenho observado que os altos executivos de diferentes empresas normalmente não estão dispostos a investir, por exemplo, 3 ou 4 dias de planejamento estratégico para decidir o que a empresa vai realizar nos próximos 3 anos! Sempre há algo mais urgente que requer sua atenção imediata. De fato, as urgências tipicamente roubam cerca de 70% da atenção gerencial – um desperdício brutal de intelecto e recursos valiosos. Como sair desse buraco?

Acho que a causa raiz é um filho prematuro chamado ‘faça isto’, concebido pelo “método” TIRO. E a mãe apressada do ‘faça isto’ é uma premissa chamada ‘já sei o que deve ser feito’, a qual é irmã gêmea do Orgulho, marido da Falta de Reflexão. É preciso crer e compreender que existe uma relação inversamente proporcional entre o tempo investido em análise e reflexão e o tempo de execução e nível de impacto dos resultados. Resultados sólidos e duradouros não podem ser obtidos por “tiros” disparados das alturas do Olimpo Corporativo.   Foi-se o tempo em que uma mente brilhante como cabeça de uma organização era suficiente para assegurar o sucesso. Por isso, segundo recomenda Collins em “Good to Great”, é preciso envolver pessoas disciplinadas em um processo de pensamento disciplinado do qual resulte o “Conceito Ouriço” (um foco estratégico vital que represente uma vantagem competitiva decisiva no mercado) e depois assegurar que se executem ações disciplinadas e consistentes com tal Conceito Ouriço.

A regra é clara: muita reflexão, resultados excelentes; pouca reflexão, resultados medíocres. Não é à toa que reflexão (“hansei”) e busca de consenso nas decisões é um dos princípios do “Toyota Way”. E é também por isso que Goldratt adverte: “nunca diga ‘Já sei’.”, pois esse é um dos principais meios de auto-bloqueio contra o verdadeiro aprendizado e a inovação que dele advém. Uma das virtudes do verdadeiro sábio é a humildade, pois o pré-requisito chave para aprender é humildemente reconhecer que não sabemos o suficiente.

Captura de pantalla 2015-07-27 a las 18.03.10E você? O que pensa sobre este tema?

Qualquer comentário será muito bem-vindo.

Até a próxima edição!

Eduardo C. Moura
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