A “fórmula” da mudança – como causar um processo de mudança?

Posted By Eduardo Moura in Blog | 2 comments


M = I x V x P > R


Eduardo-MouraAcho bastante didática esta “fórmula” proposta por D. Gleicher. Ela mostra os fatores básicos envolvidos em um processo de mudança, bem como sua inter-relação: M=Mudança (o resultado final desejado); I= Insatisfação; V=Visão; P=Primeiros Passos; R= Resistência. De fato, para haver mudança, primeiro é necessário que haja insatisfação. Quando todos estão satisfeitos com o status quo, não há mudança. A satisfação pode ocorrer ou porque o sistema é realmente muito bom (e nesse caso a mudança não seria necessária) ou porque todos compartilham de uma anestesiante ignorância que não lhes permite enxergar os aspectos negativos (presentes ou futuros) do sistema. Uma vez que sistemas “realmente muito bons” são realmente muito raros, é muito mais provável que o primeiro fator que bloqueia a maioria das mudanças seja a falta de percepção consciente quanto aos problemas da realidade.

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Então é pré-requisito que alguém (ou um grupo de pessoas) com poder de decisão ou influência desperte ou seja despertado quanto aos problemas atuais e seus efeitos negativos sobre o desempenho do sistema. Mas mesmo que o nível de insatisfação esteja altíssimo, ainda assim a mudança não ocorre se faltam os demais elementos da equação: também é necessária uma visão suficientemente inspiradora quanto ao estado futuro desejado para o sistema. Insatisfação sem visão é simplesmente desesperança. E visão sem insatisfação é apenas um dispensável conto de fadas. É certo que estes dois fatores andam juntos em um processo de mudança, mas também dependem de um terceiro fator crucial: um conjunto coerente de ações capazes de produzir o maior avanço possível em direção à visão. Já dizia um sábio da antiga China: “a caminhada das mil milhas começa com o primeiro passo”. Visão sem ação (primeiros passos) é tão-somente um sonho, e ação sem visão não produz mais do que estresse. De modo que o sinal de multiplicação na “fórmula” é bem colocado: existe uma total dependência entre insatisfação, visão e primeiros passos; são todos condições necessárias para a mudança.

Infelizmente, por não conhecer ou seguir estes pontos tão básicos, o cenário típico que se observa por aí são tentativas desastrosas de mudança. Em alguns casos, abundam as reclamações ou repreensões (apenas), porém sem apontar nenhuma visão ou o quê fazer de diferente. Em outras circunstâncias publica-se a “visão”, mas a coisa fica por aí mesmo: apenas uma insípida frase na parede. Ainda, em outras situações impera um “ativismo desfocalizado”, com ações inspiradas por algum modismo organizacional que privilegia a técnica sobre o propósito.

Mas a fórmula ainda fornece um último alerta: juntos, os três fatores têm que superar a resistência natural à mudança. Ainda que os consideremos simultaneamente, se o fizermos de maneira tímida e diluída entre vários outros “programas”, sem um senso de prioridade e urgência, tampouco teremos êxito. Concluímos que para haver mudança é indispensável que a insatisfação seja mostrada de modo tão pungente, e a visão seja revelada de modo tão inspirador e os primeiros passos sejam apresentados de modo tão lógico que se produza uma energia de transformação tão poderosa que simplesmente atropela a inércia, paradigmas e interesses relacionados com o “status quo”.

Até a próxima semana!

Eduardo Moura


Tag: A “fórmula” da mudança – como causar um processo de mudança?

2 Comments

  1. Pensar em uma fórmula descritiva para mudança ainda não tinha passado pela minha mente. Procuro sempre ser um agente de mudanças em busca de atualizar e superar a mim mesmo. Com este conceito garanto que agora possa planejar melhor. O Processo de Mudança proposto por “LEWIN”, “descongela” “mudança” e “congela” mostra um processo contínuo para a mudança. O seu artigo proporciona visualizar a questão da ‘insatisfação’ que somente assim busca-se a mudança para atender as necessidades de satisfação. Você acredita que este conceito está ligado também a motivação? Abraços e parabéns!

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  2. Muito bom o artigo, parabéns e permita-me acrescentar algumas considerações.

    Concordo com a sistemática e a forma didática apresentada como elementos que ajudam ao processo de mudança e de fato muitas vezes o ponto ignitor para mudar. O que vejo em alguns cenários é que após vencer a inércia e paradigmas para mudar e inicia-se a mudança, esta não mais é gerenciada ou acompanhada pelos inspiradores da mudança, e é neste ponto que na minha opinião o resultado da mudança pode ser afetado.
    Muitos são os fatores da natureza humana que podem comprometer o resultado da mudança abaixo das expectativas, ou como mencionado no artigo “desastrosas”. Então além de “causar” a mudança também existe a necessidade de prover a mudança para que o resultado final seja satisfatório dentro do que se planejou na visão desta fórmula.

    Um abraço
    Rodrigo

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